segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

E Dilma não foi a Paris... nem Obama

Foto de Michel Euler/AP - Via O Globo
Esperei passar o calor dos acontecimentos para escrever algo sobre a barbárie do ataque terrorista em Paris. Serão linhas curtas a começar pela premissa que a liberdade de expressão é o âmago de qualquer regime democrático, embora muitos não gostem desde que a sua liberdade seja preservada. A do outro, às favas! Para mim, não é presumível de forma alguma que se queira impor qualquer restrição a ela - que mais parece censura - em nome da preservação de outros direitos.

Por outro lado, não endosso sob nenhuma hipótese o tipo de humor ácido da revista parisiense, que atira nas mais diferentes direções, inclusive com "cartoons" que blasfemam contra ícones irremovíveis do Cristianismo. Mas no regime democrático só há duas formas de evitar tais manifestações; o próprio senso dos responsáveis pela publicação ou a busca do amparo jurídico para reparar o excesso mediante as leis em vigor. No Brasil, elas existem, pena que, regra geral, só são lembradas com o intuito de amordaçar a liberdade de expressão de quem professa a fé cristã.

À luz do exposto, foi um ato vil o perpetrado pelo braço armado do Islamismo contra a revista parisiense. A presenca de cerca de 3,5 milhões de pessoas neste domingo nas ruas de Paris, com cerca de 40 líderes mundiais à frente, foi a melhor resposta do mundo que se pretende livre contra a criminalização do direito de opinião. Esperava que Dilma Rousseff se fizesse presente. Não compareceu. Nem ela nem Obama, presidente da nação que mais tem sofrido com os ataques islâmicos no mundo.

Mas há uma explicação. No Brasil, a "ladainha' da esquerda é tentar inibir os cristãos de exercerem livremente a sua fé, criando-lhes embaraços sob o manto das leis existentes e de outras que estão em processo de encubação. Enquanto isso, grupos sectários usam e abusam dos ícones do Cristianismo, em manifestações xulas e esdrúxulas, sem que os defensores dos direitos humanos digam qualquer coisa. Nem Maria do Rosário. Nem Dilma. Como então poderia a presidente estar ontem em Paris para defender uma causa - a liberdade de expressão - contra a qual o seu Governo trabalha?

A mesma explicação vale para Obama. Expressar os valores cristãos nos EUA já não é algo tão simples, com um Governo pró-islâmico, embora o país seja ainda a maior democracia do mundo. Prova disso é que no dia 6 de janeiro, terça-feira passada, Kelvin Cochran, chefe do Corpo de Bombeiros de Atlanta, Geórgia, foi exonerado do cargo simplesmente por ter escrito algumas poucas linhas contra a prática do homossexualismo em um estudo bíblico interno de sua igreja. Ora, seria constrangedor para Obama também estar em Paris para defender a liberdade de expressão, se em seu país, com a sua complacência, cristãos começam a ser retaliados (Apenas a título de informação, amanhã, 13, haverá uma manifestação em frente ao Atlanta State Capitol contra aqueles que querem discriminar cristãos).

Esses sãos os motivos pelos quais sou defensor aguerrido da liberdade de expressão. Não temos o direito de agredir, matar ou promover terrorismo contra quem ataca a nossa fé, ainda que seja da forma mais vil. Mas não podemos, por outro lado, ser omissos em buscar os nossos direitos democráticos, sob a tutela da lei, se de alguma forma somos vilipendiados, agindo com a mesma determinação em todos os casos, inclusive em situações como essa que está ocorrendo em Atlanta. Afinal, como diz o resumo do arcabouço jurídico brasileiro sobre o assunto, "o direito de criticar dogmas e encaminhamentos é assegurado como liberdade de expressão, mas atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém em função de crença ou de não ter religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis".

Hoje foi a revista de Paris. Amanhã poderemos estar na alça de mira... se já não estamos!

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