quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Relembrar, refletir e recriar a Escola Dominical (1)

Credito: ebdadolescentes.blogspot.com.br
Inicio uma série de postagens, já programadas, que compõem o texto de uma conferência que venho ministrando há alguns anos em diferentes congressos de Escola Dominical. Minha intenção, ao disponibilizá-la "in totum", é contribuir para que seja uma ferramenta aos que buscam aprimorar a EBD como a melhor estratégia de ensino a igreja.

Introdução

Pensar a Escola Dominical é de extrema importância para que se perceba a sua atualidade face aos projetos alternativos que, hoje, são oferecidos às igrejas como se fossem a descoberta da pólvora e aquela estivesse já ultrapassada. De uns tempos para cá, o que mais se destaca no ambiente evangélico, como método eficiente de evangelização, ensino e comunhão, são os chamados “pequenos grupos”, não importa o nome que tenham, enquanto a Escola Dominical é desprezada e até mesmo suprimida da estrutura da igreja.

Mas seria a Escola Dominical, de fato, um instrumento já arcaico? Estaria ela esgotada como modelo para o crescimento integral da Igreja? Estaria ela fadada a ser apenas um apêndice, e não parte vital do dia-a-dia da fé? Que falhas estariam sendo cometidas, produzindo essa visão distorcida a respeito, que colocam a Escola Dominical  no “museu” das tradições evangélicas? Se existem falhas, como corrigi-las? É através de perguntas como as que acabam de ser feitas, que poderemos chegar a uma boa conclusão acerca do tema que me foi proposto.

O que motivou a criação da Escola Dominical – relembrando os seus passos

Todos os que lidam com o ensino na Igreja conhecem as origens da Escola Dominical, lá atrás, com Robert Raikes. Como nossa intenção, aqui, não é histórica, quero apenas ressaltar o que o motivou a lançar mão deste projeto que se tornou o maior programa de ensino da Igreja através dos tempos. Seu alvo era alcançar as crianças marginalizadas e lhes oferecer ensino que, ao mesmo tempo, proporcionasse a elas uma boa formação e também as retirasse das ruas, onde acabariam sendo transformadas em perigosos bandidos.

Com o passar do tempo, algo que se iniciou de maneira espontânea e até sob certa oposição de segmentos da Igreja, tomou vulto e passou a ser parte da estratégia evangélica para alcançar todas as faixas etárias, inclusive os adultos, com a disseminação do ensino bíblico. Muitos pastores de nossas igrejas tiveram o seu alicerce bíblico nas classes de Escola Dominical que frequentaram desde quando eram crianças. Eles ainda hoje se lembram de suas professoras e de quanto elas foram importantes para o seu crescimento espiritual.

Hoje, à exceção de boa parte das igrejas neopentecostais e de algumas outras históricas que estão em busca de novas alternativas, a Escola Dominical é ferramenta indispensável para que os princípios imutáveis da Palavra de Deus sejam difundidos, alcancem todos os membros, contribuam para dar uma sólida formação espiritual, moral e social aos alunos e criem profundos alicerces doutrinários à prova de todo vento de doutrina. Ela já deu mostras de sua robustez, seus propósitos e resultados ao longo da história. A Escola Dominical não precisa provar nada. Ela, em si, já é um testemunho de sua importância.

A Escola Dominical sob ataque – uma reflexão sobre o seu “modus operandi”

Nos últimos anos, todavia, o ataque à Escola Dominical como ferramenta indispensável à Igreja tem aumentado gradativamente à medida que novos modelos surgem no meio evangélico, sobretudo aqueles que valorizam os chamados “grupos pequenos”.  Diz-se que a Escola Dominical é um modelo arcaico, esgotado, que não supre as necessidades do homem pós-moderno. Afirma-se que é preciso substituí-la por um programa mais eficiente e dinâmico, que preencha também outras áreas nas quais ela não estaria sendo eficaz. Argumenta-se que a Igreja precisa estar aberta ao novo e reciclar sempre a sua metodologia para continuar sendo vanguarda no mundo de hoje. Quanto a este último argumento, diga-se de antemão, é óbvio que não se pode desprezar o novo pelo simples fato de representar uma novidade, mas nem tudo o que é novo tem legitimidade ou representa, de fato, uma opção válida. É preciso ter senso crítico para discernir o bom do ruim.

No entanto, em que pesem essas afirmações, elas ocorrem não porque a Escola Dominical tenha perdido o seu potencial como agência de ensino da Igreja ou não seja mais adequada para atender as demandas da atual conjuntura. O que produz então esse tipo de rejeição, apesar de todos os avanços?  É o modo como se presume a Escola Dominical, a forma como é tratada na vida de muitas igrejas locais, a negligência em perceber o quanto ela é o melhor instrumento da Igreja para chegar-se aos membros e a falta de investimento maciço em sua estrutura. Veremos, na próxima postagem, alguns fatores de desestimulo para uma boa Escola Bíblica Dominical.

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